Saiba quais foram os principais fatos que marcaram a história do Québec e como a província resistiu à imposição da língua inglesa e resguardou o direito de falar francês
Vamos contar mais sobre a história do Québec aqui nesse post. Você deve ter aprendido na escola que o Brasil começou a ser moldado como uma sociedade ocidental depois da chegada do português Pedro Álvares Cabral, em Porto Seguro, na Bahia, em 1500.
Da mesma maneira, a história do Québec e do Canadá é marcada pela chegada de colonizadores europeus na América do Norte. Primeiramente, foram dois colonizadores italianos contratados tanto pela coroa britânica, quanto pela coroa francesa.
Em 1497, o explorador italiano Giovanni Caboto (Jean Cabot em francês), chegou em Terra-Nova (Terre-Neuve em francês) achando ter chegando na Ásia. Apropriou-se do território “asiatico”, em nome do rei britânico Henrique VII , e voltou para Londres sem nenhuma intenção de colonizar a região.
Depois, em 1524, outro explorador italiano, Giovanni de Verrazzano, chegou na mesma costa leste e nomeou as terras recém descobertas como Francesca – em homenagem a Francisco I da França. Mais uma vez, sem nenhum esforço de colonização e ocupação do território.
Dez anos mais tarde, o francês Jacques Cartier cravou uma cruz na península de Gaspé e reivindicou as terras em nome do rei da França. Posteriormente, fez o mesmo com a Ilha de Montreal e nomeou aquele território recém descoberto pelos europeus de “Nova França”.
Essas três figuras marcaram os primórdios da colonização da região onde fica o Québec. Inclusive, a cidade de Gaspé, existe até hoje. Possui 14 mil habitantes e é uma das mais antigas da América do Norte.
Gostou de conhecer um pouco sobre a história québécoise? Compreendemos totalmente, afinal, é muito interessante. Quer saber mais? Continue conosco.
Conheça um pouco sobre a história do Québec: a ‘Nova França’
Então, como contamos acima, o francês Jacques Cartier chamou todo aquele território recém-conquistado de ‘Nova França’. No começo, os franceses não estavam muito interessados em colonizar a região. Alguns parcos comerciantes estabeleceram rotas no Rio São Lourenço e fizeram alianças com os hurões, algonquinos e iroqueses, as tribos indígenas da região.
Com o tempo, a terra rica e preservada começou a chamar a atenção. Os recursos naturais atraíram muitos europeus e, por volta de 1580, já estavam estabelecidas rotas marítimas, as companhias francesas, com o intuito de transportar os produtos exploratórios para a Europa.
A ‘Nova França’ abrangia o Canadá e maioria do território dos Estados Unidos e foi chamada assim de 1534 até 1759 – quando as tropas francesas perderam a batalha travada nas Planícies de Abraão, na cidade de Quebec, para as tropas britânicas.
Vale ressaltar que nesse meio tempo, em 1608, aconteceu a fundação da cidade de Québec, nome originário da palavra índigena algonquina “Kébec”, cujo significado é “onde o rio se estreita”. Já a capital Montreal foi fundada em 1642, em um lugar onde já existia um vilarejo de indígenas da nação “iroquois”.
No entanto, o nome tem origem em francês já que vem da expressão “Mont Royal”, utilizada por Jacques Cartier quando avistou a montanha onde fica a cidade.
Depois do Tratado de Paris, em 1763, criado para encerrar a Guerra dos Sete Anos, a região passou para o domínio da Grã-Bretanha.
Conheça mais sobre a história do Québec: o famoso Bonaparte
Com o tratado de Paris, de 1763, a França cedeu o território da Nova França para os britânicos. Era a segunda derrota francesa em pouco tempo. Um ano antes, o país já tinha cedido a região de Louisiana, onde residia a maior parte dos francófonos da época da Nova França, à Espanha.
Assim, o rei Jorge III da Inglaterra alterou o nome da região para Província do Québec. Um fato interessante é que, assim como o Brasil, a história québécoise sofreu influências das conquistas de Napoleão Bonaparte na Europa.
Em 1803, esse mesmo território foi objeto central de um fato denominado como Compra da Louisiana, uma negociação entre o imperador francês e Thomas Jefferson. Apesar de hoje em dia essa região pertencer aos Estados Unidos, ainda é notável a influência da Nova França no local.
A cidade de New Orleans (Nouvelle-Orléans), por exemplo, é conhecida mundialmente pela música cantada com o sotaque local em francês.
Conheça um pouco sobre a história do Québec: queremos falar francês
Quando a Inglaterra assumiu o controle do Québec, a maioria das pessoas falava francês – natural depois de tantos anos de dominação da França. Uma das maneiras de controlar um povo é impor seus costumes, língua e religião, por isso, os recém dominadores exigiam que a região fosse anglófona.
Assim, o período de 1763 até 1960 foi marcado por diversas rebeliões contra os britânicos, como tentativas de resistência à imposição do idioma inglês. A luta e a preservação do direito de falar francês no Canadá é um dos fatos mais bonitos da história do Québec.
Em uma tentativa de apaziguar a região, os governadores coloniais promulgaram, em 1774, o que ficou conhecido como Ato de Québec. Esse marco histórico proporcionou ao povo quebequense sua primeira Carta de Direitos.
Isso abriu caminho para o reconhecimento oficial da língua francesa e da cultura francesa na província e também para que os francófonos mantivessem a lei civil francesa e a liberdade religiosa. Esse é um dos primeiros casos da história da humanidade onde a autonomia de escolher no que acreditar foi sancionada pelo Estado.
Outra curiosidade é que são utilizados dois modelos de sistema jurídico: o direito civil francês (usado no Brasil) se aplica nas questões e litígios civis e a Common Law, a lei britânica aplicada nas questões criminais. Essa última, é a utilizada pelo resto do Canadá.
Conheça um pouco sobre a história do Québec: os plebiscitos de independência
As relações tensas entre os anglófonos e os francófonos no Canadá chegaram, por duas vezes na história, a um ponto muito tenso. Em 1980 e em 1995, o Parti Québécois, dirigido pelo político René Lévesque, organizou dois plebiscitos para decidir se a província do Québec tornaria-se independente.
Em 1980, 60% da população do Quebec rejeitou a proposta e decidiu ficar na federação canadense. Em 1995, o resultado do plebiscito foi mais apertado: 50,3% dos quebequenses votaram contra a independência enquanto 49,7% queriam ter o primeiro país francófona América do Norte. Uma diferença de apenas de 45 mil votos…
Atualmente, o Québec é a segunda província mais populosa do Canadá e é a única a ter uma população predominantemente francófona. Exatamente por isso, dentre outros fatores, é um dos destinos mais procurados por quem busca oportunidades de estudar e trabalhar em francês.
E tudo isso é mérito do povo quebequense e consequência dessa luta de quase 500 anos atrás. Legal, né? Agora que você conhece um pouco mais sobre a história do Québec, que tal se aventurar na aprendizagem dessa língua que tanto encanta?
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