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Conheça sobre a história contemporânea do Québec

Contamos aqui nesse post quais foram os principais fatos da história contemporânea do Québec! Descubra!

A história do Québec difere de outras colonizações realizadas pela França e possui uma narrativa diferenciada até dentro do Canadá. Os fatos históricos, como o Tratado de Paris, de 1763, que passou a ocupação do território dos franceses para os ingleses, desencadearam na criação de uma forte identidade cultural e uma luta constante pela preservação do direito de falar francês.

Mesmo com a retirada da ocupação da França (e a consequente imposição da cultura inglesa), as crenças, valores, costumes e a língua francesa seguiram enraizados no Québec de maneira bem significativa. A luta pela liberdade linguística, religiosa e dos direitos civis marcou profundamente a sociedade québécoise.

Muito do que aconteceu nos últimos anos foi decorrente do sentimento de unidade, identidade entre os indivíduos e preservação da cultura criados a partir de todo esse contexto histórico.

Com essa premissa, aqui nesse post, vamos adentrar na história contemporânea do Québec. Assim, nos aprofundaremos nos fatos que influenciaram os dias atuais. Vamos lá?

Saiba mais sobre a história contemporânea do Québec

Naturalmente, a história do Québec é bem longa. Nesse post, vamos falar o que aconteceu depois da colonização, passando pela Rebelião dos Patriotas, o Domínio do Canadá, a Revolução Tranquila, as Leis de Constituição, os plebiscitos de independência, chegando finalmente ao momento atual.

História contemporânea do Québec: Rebelião dos Patriotas

A luta pela independência do Québec é desencadeada com a reivindicação do direito de falar francês e estende-se para outros protestos. Como usualmente acontece nesses processos, existiram muitas reviravoltas, rebeliões, levantes e sangue para se alcançar uma soberania de Estado. Um desses acontecimentos foi a Rebelião dos Patriotas.

Esse conflito iniciou-se quando as classes média e alta uniram-se contra a opressão exercida pelo imperialismo inglês e fundaram o Partido Patriota, liderado por Louis Joseph Papineau.

No ano de 1837, insurgiram-se contra uma possível fraude eleitoral que daria vitória aos ingleses, fato que desencadeou intensas revoltas populares nas principais cidades da região e, por consequência, em violenta repressão dos órgãos imperialistas.

Com o apoio dos setores médios e da burguesia local, somados a um pequeno setor da classe operária, essa revolta em específico pode ser comparada às revoluções burguesas do século XVII e XVIII. No entanto, nesse caso, em particular, os patriotas foram derrotados.

História contemporânea do Québec: Domínio do Canadá

A revolução burguesa quebequense, inaugurada pela Rebelião dos Patriotas, uniu diversas classes e foi reprimida violentamente, resultando no assassinato de milhares de pessoas, militantes e inocentes. Mas isso não deteve a luta pela independência.

Todo o século XIX foi marcado por intensos confrontos e, em 1867, os ingleses foram obrigados a conceder a organização das colônias em confederações. No entanto, mesmo que tivesse findado o sistema colonial no país, o Canadá ainda mantinha uma forte ligação com o Reino Unido.

Tinha os mesmos chefes de Estado, a bandeira oficial chamava-se Union Jack and the Red Ensign até 1967, o hino do país era o britânico e, até 1982, a Constituição só poderia ser modificada pelo Parlamento Britânico.

Assim, mesmo que a luta do povo quebequense tenha sido fundamental no processo de formação do País, as partes anglófona e a francófona nunca estiveram em posição de igualdade. Isso fez que, logo nos primeiros anos de independência, o Québec registrasse um profundo atraso econômico.

História contemporânea do Québec: ascensão dos conservadores

As províncias inglesas presenciaram um desenvolvimento industrial substancial no século XIX, o que permitiu o crescimento da classe operária e de sua organização política. Isso não aconteceu no Québec.

Esse fato teve um reflexo profundo em eventos posteriores. Sem articulação de classe, a província foi liderada a maior parte do século por um político de extrema-direita chamado Maurice Duplessis.

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Após a crise de 1929 e a ascensão de regimes autoritários na Europa, Duplessis rompeu com seu partido e juntou-se à ala direita do Partido Conservador para fundar a União Nacional. Marcado pelas diretrizes fascistas, o político aproveitou dos movimentos de independência do resto do Canadá para chegar ao poder.

Seu primeiro mandato vai de 1936 até 1939, com outro mandato em 1944, após a  Segunda Guerra Mundial, até 1959. Esse último período, em específico, ficou conhecido como Grande Noirceur (A Grande Escuridão). Isso porque, se o Quebec já era mais atrasado em relação ao resto do país, a situação agravou-se com o Governo Duplessis.



Políticas públicas fundamentalmente agrárias desfavoreciam  o desenvolvimento econômico da região. Além disso, o regime autoritário reprimiu as organizações operárias, como sindicatos e movimentos sociais e fortaleceu o papel da Igreja Católica na província, atrelando ao clero o comando da educação, da saúde pública e de outros serviços sociais.

Todo esse contexto não foi muito adiante. No final da década de 1940, começaram a aparecer os sinais de desgaste do governo, revoltas foram amordaçadas e a instabilidade política no Québec aumentou bastante.

História contemporânea do Québec: Revolução Tranquila (1960)

A denominação “A Revolução Tranquila” foi citada pela primeira vez no jornal The Globe and Mail por um autor anônimo. Até hoje, os historiadores não chegaram exatamente a um consenso sobre a data específica do seu início, nem quando de fato terminou.

Isso porque não foi marcada por um dia em particular, como a Revolução Francesa, por exemplo. Foi um movimento iniciado depois de uma série de acontecimentos e aumento da tensão interna.

Como mencionamos anteriormente, o Québec estava em franca desvantagem do resto do Canadá em diversos aspectos. Alguns fatores para isso eram:

  • Sistema senhorial da Nova França, mantido por séculos; 
  • Participação efetiva da Igreja Católica nas políticas públicas; 
  • Controle da manutenção da políticas agrárias, em detrimento da industrialização; 
  • Domínio do clero sobre os serviços essenciais; 
  • Capital de investimento escasso;

Todos esses itens foram combustíveis para greves das classes operárias, como a dos mineiros de Asbestos, em 1949, e movimentos sindicais, como a Recusa Global pelos Automatistas. A imprensa e os fóruns de intelectuais críticos do governo de Duplessis, como o jornal Cité Libre, fomentaram a discussão.

No meio dessa tensão crescente, o falecimento do Maurice Duplessis, em 1959, logo seguida pela súbita morte de seu sucessor Paul Sauvé, foram gatilhos para eleição do Partido Liberal do Québec, liderado por Jean Lesage que tinha como slogan: “Maîtres chez nous” (Donos das nossas terras?)

Assim, iniciou-se um período de rápida transformação social dentro da sociedade do Québec. A Revolução Tranquila é um ponto de referência na história da província e as reformas efetuadas nesse período foram essenciais para desconstruir as estruturas tradicionais da província e introduzir a sociedade québécoise à modernidade.

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Dentre elas, podemos destacar:

  • Criação oficial do Ministério da Educação; 
  • Secularização do sistema educacional
  • Grandes investimentos no sistema de ensino público;
  • Nacionalização das empresas elétricas; 
  • Criação de instituições públicas; 
  • Código Trabalhista garantindo direito à greve; 
  • Divisão igualitária de bens entre cônjuges; 
  • Melhoria no nível de instrução da população;

O Québec de hoje, uma social-democracia igualitária onde o bem comum passa na frente do enriquecimento pessoal vem dessa famosa Revolução tranquila.

História contemporânea do Québec: agora Québécois(es)

Como explicado, a Revolução Tranquila acarretou múltiplas reformas que resultaram na transformação do discurso nacionalista do Québec e criou um elevado senso de identidade e de capacidade nacional.

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Foi durante esse movimento que os franco-canadenses viraram québécois(es), gerando um sentimento de nacionalismo e a busca mais ativa da autonomia política. Essa premissa, inclusive, contextualiza porque o Québec se recusou a assinar a Constituição de 1982.

Hoje em dia, a lei suprema no Canadá é constituída por dois principais documentos:  a Lei da Constituição de 1867 e Lei da Constituição de 1982, a qual inclui a Lei da América do Norte Britânica e a Carta Canadense de Direitos e Liberdades.

Essa última foi assinada pela rainha e o primeiro-ministro, Pierre Elliot Trudeau, no entanto, o Québec recusou-se a assinar devido às percepções que as mudanças constitucionais propostas iriam inviabilizar os mecanismos de proteção à língua e à cultura.

Para resguardar-se do direito preserva sua identidade, a província exige que sejam acrescentados dois pontos principais na lei:

  1. O Québec é uma sociedade distinta do restante do País;
  2. E por isso, precisa ter autonomia para barrar modificações na Constituição ou nas leis federais que poderiam ameaçar a existência e a sobrevivência do francês no Canadá.

Porém, mesmo sem o consentimento da província, a emenda constitucional entrou em vigor mesmo. Até os dias atuais, a adesão à Constituição é um tema recorrente na política canadense e do Québec.

História contemporânea do Québec: Status Quo

Dentro desse contexto legal, um ponto que merece destaque é a Loi 101 (Lei 101), que define os direitos linguísticos de todos os cidadãos do Québec e determina o francês como língua oficial da província.

A autonomia do Québec, a identidade francófona, as diferenças das outras regiões e as particularidades da sua história permeiam a discussão sobre a soberania da província e a sua separação do Canadá. Foram realizados dois referendos, em 1980 e 1995 sobre essa questão.

No último, houve adesão de 90% da população e a diferença foi muito pequena (50,6% votaram contra, e 49,4% votaram a favor). A realização de novos referendos, inclusive, são temas de campanhas eleitorais até os dias de hoje.

Essa foi uma história longa e ficamos contentes de vocês terem chegado até o final. Agora, conhecem mais sobre as estruturas da sociedade do Québec e conseguem compreender algumas nuances sobre a província, a cultura e a língua francesa! 

Por exemplo, agora você entendeu  porque a seção gramatical do material didático exclusivo da École Québec chama Point 101! 😉 Inclusive,  vamos conversar mais sobre isso em um próximo post! Fique atento!

Aqui no blog da École Québec, você encontra diversas informações, dicas e orientações de como aprender francês québécois e oportunidades de estudos e trabalhos no Québec. Explore nosso conteúdo!

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